Quem conhece a minha avó sabe que se trata de uma figura rara. Dona Adhail ou Dona Dadá, com seus 75 anos, dá tapas constantes na cara da sociedade com toda sua vitalidade. Sim, ela é frequentadora assídua da academia, viaja mais do que eu, você e a tripulação da TAM, faz aula de informática, tem Facebook para ver as fotos dos bisnetos, acorda às 5 da manhã, toma 3 litros de água por dia, faz diversos tipos de voluntariados, há 25 anos compra Tele Sena todo mês (infelizmente, nunca ganhou o prêmio e consequentemente a nossa viagem para a Disney nunca aconteceu, mas minha vó é uma pessoa persistente e acho que nunca é tarde para visitar o Mickey), entre outras coisas.
É óbvio que alguém com tanta energia, disposição e alegria deixa ensinamentos por onde quer que passe, como tenho a sorte de ser sua neta, coleciono boas lições de vida e hoje, vou compartilhá-las:
O bom humor é a arma mais poderosa… Coisas ruins e tristes acontecem na vida de todas as pessoas, claro que com a Dona Dadá não é e não foi diferente. Mesmo assim, nunca vi minha avó abatida, nunca a vi chorando se não por alegria, nunca a vi triste. Ela está sempre com um sorriso estampado no rosto, contado histórias, piadas (às vezes constrangedoras), cantando e sendo grata por tudo que tem. E quando por ventura, leva uma invertida da vida, agradece o “pontapé” que a impulsiona mais para frente. Uma fortaleza, que leva a vida de forma tranquila.
O amor é eterno… Minha avó se casou com meu avô quando tinha 15 anos e até hoje é apaixonada por seu “bem” (não tive o privilégio de conviver muito com ele, quando eu tinha 2 anos, ele partiu). Com frequência, conta a história de como se conheceram, do primeiro beijo, do pedido de casamento, tudo isso sempre com os olhos cheio de lágrimas, transbordando de amor. Mas ela não poupa os detalhes menos glamorosos dos anos de convivência, mesmo assim, me encanta, é lindo, inspirador e uma delícia saber que descendo de uma história de amor eterno.
Você pode pertencer a todas as tribos… Se perguntar para a minha avó qual é a sua religião, ela dirá: ecumênica. Sim, ela participa da novena, vai ao culto, ao centro espírita e todos os dias pela manhã, lê as palavras do calendário da Seicho No Ie. Com as pessoas de todas essas “tribos”, ela se dá bem, tirando de cada troca algo positivo e espalhando pelo mundo. Claro que isso não se restringe apenas às religiões, ela é a diversão das crianças, participa do grupo da 3ª idade, é “vó” dos meus amigos, gosta de viajar de ônibus para ter tempo de conversar com as pessoas e etc.
Dar a cara a tapa, abre portas… Adoro essa história, em 1953, quando tinha 14 anos, minha avó e uma de suas irmãs estavam concorrendo à vagas no jornal de Maringá, onde viviam na época. Por ser a mais nova, a ideia era que tivesse o emprego mais simples, enquanto sua irmã, o trabalho mais complexo. Porém, minha tia-avó era tímida e na entrevista não se saiu tão bem, no ato Dona Dadá, (que sempre foi de muitas palavras) disse ao editor do jornal: “eu sei ler, escrever, tenho curso de datilografia e sei fazer as quatro operações”. Pronto, na hora ela foi contratada como revisora do jornal!
São muitas histórias e lições que aprendo com essa pequena grande mulher, e achei digno compartilhar isso com o mundo. Pois é o tipo de coisa que minha avó faz, conta o que viveu como forma de inspirar e encorajar as pessoas ao seu redor. Agora, vó, você é linda e eu te amo muito, mas vamos ter que repensar esse negócio da Tele Sena, pois com toda a sua lealdade ao Silvio Santos já poderíamos ter ido 3 vezes à Disney!
24 de novembro de 2014 - 20:52
Avós são pessoas sábias ;) curti bastante seu blog e gostaria de te convidar para conhecer o meu, espero que goste também. Vlw
4 de dezembro de 2014 - 18:30
Olá! Vós são maravilhosas, né? Obrigada pela visita, vou conferir seu blog tbm! :D